A cristaleira
Sabe essas histórias que são contadas de um jeito simples, espontâneo e tão bonito, que a gente vai parece que entrando nelas e vivendo de verdade as emoções da personagem?
Pois é. Lendo A cristaleira, isto aconteceu comigo. Fui direto virando menina e entrei na casa de Marina. E ali, naquele espaço cheio de objetos antigos e de delicadezas de avó, me senti aconchegada e segura.
E vivi o fascínio diante da cristaleira, do lustre de pingente e da estatueta de menina. Mas, ora, que fui entrar na vida de Marina num momento difícil. Justo quando seus pais pensavam em separação! E fiquei assustada, insegura. Tive muito medo. E fui, assim, feito ela e os cálices gordos guardados na cristaleira que se equilibram em pés tão finos, me equilibrando também.
Entre os silêncios estranhos, os gestos bruscos e as brigas dos pais e as conversas sobre paineiras floridas, os contos de fadas, as tranças e as ternuras da avó.
Entre o frágil e o sólido, o real e a fantasia. Ah, que entrei numa história linda. Como a vida. Densa e tão delicada… (Hebe Coimbra)