Diário da montanha

Existe uma casinha, no alto de uma montanha, feita para abrigar uma única pessoa.

É ali que Roseana Murray se refugia por longos períodos para se esquecer do mundo e se lembrar dela mesma.

É ali que ela faz adormecer os laços com a civilização para despertar, junto com o fogo que acende para preparar o café da manhã, sua sensibilidade mais acurada.

Na montanha, os ruídos da natureza são tão fortes que calam um silêncio visceral no coração da poeta. Dentro dele ela escuta os ecos de sua ancestralidade, o rumor do fluxo sanguíneo em suas veias, o murmurar da seiva que escorre pelas árvores, os passos mais leves dos esquilos, o rufar da orquestra de asas que cortam o ar.

Sorte a nossa que nessa casinha, ao lado do fogo, haja sempre um caderno a provocar o silêncio de Roseana.

Sorte a nossa que vez por outra ela deixe a poesia escorrer pelas suas folhas em branco. Sorte a nossa que algumas folhas preenchidas desse caderno tenham sido presenteadas a esta editora!

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Roseana Murray reafirma nesse belo Diário da montanha o amadurecimento poético que se evidencia em cada nova obra desde sua estreia com Fardo de carinho. Sem preocupação com a rima tradicional, ela usa linguagem coloquial em que o ritmo e a originalidade das metáforas prevalecem. O primeiro verso do poema Raiz dá o tom telúrico do livro: “Começo pela raiz, pelo cheiro da terra que me impregna quando me perco de mim.”

Há longo tempo residente fora dos centros urbanos, Roseana se sente feliz e inspira-se em tudo em que a cerca: flores, pássaros, árvores, tempestades ou arco-íris. Na tranquilidade da vida rural e ao lado “do homem que me ajuda a transformar palavras em pássaros e a desfazer abismos e teias”, ela vive e escreve sua poesia bela e sensível, plena de lirismo e delicadeza.

Em edição caprichada da Manati, Diário da montanha é apresentado por Bia Hetzel e, sem dúvida, é o Melhor Livro de Poesia do ano que passou. (Justificativa dos votantes do Prêmio FNLIJ 2013, Produção 2012 / Laura Sandroni)

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Diário da montanha é uma experiência de delicadeza e intimidade com as palavras. Roseana Murray oferece aos leitores um olhar denso, mas ao mesmo tempo fluido, sobre a natureza e a existência. A edição é bonita e muito bem cuidada.  (Justificativa dos votantes do Prêmio FNLIJ 2013, Produção 2012 / Fabíola Ribeiro Farias)

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Os poemas de Roseana Murray são sempre gentis; nesse livro, de matéria autobiográfica, somos convidados a sentir a doçura do recolhimento montanhês da poética. (Justificativa dos votantes do Prêmio FNLIJ 2013, Produção 2012 / Luiz Percival Leme Britto)

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Ao longo das últimas décadas, os poemas de Roseana Murray encantam leitores de todas as idades em publicações para crianças e jovens. Diário da montanha mantém o mesmo encanto. Trata-se de um “diário”, o registro de momentos vividos e sonhados no silêncio da solitude de uma casa de montanha, onde os segredos da vida e da natureza se abrem para a poeta e leitores, em forma de versos livres que prescindem de ilustrações, mas nem por isso deixam de provocar imagens, sons e cores a quem os lê. O projeto gráfico sugere as características físicas do gênero textual apontado no título: capa dura, cores sóbrias, sem frieza, registros poéticos datados, respeitando uma lógica temporal. Abrindo e fechando as folhas internas do livro estão páginas que sugerem imagens de folhas de uma árvore que vão permanentemente brotar. Sem dúvida, um convite ao jovem leitor a entrar no mundo silencioso onde a poesia descansa e alcança sensibilidade plena de significados. (Justificativa dos votantes do Prêmio FNLIJ 2013, Produção 2012 / Maria Neila Geaquinto)

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Assuntos simples (borboletas, maritacas), temas que explodem em emoções, alegrias, dores, saudade. O nascimento de filhos ou o ato de cozinhar para quem se ama transforma-se em lirismo, em puro deleite poético para o leitor. A elegância e a sobriedade da produção gráfica guardam e complementam a exuberância/singeleza dos poemas de Roseana Murray. (Justificativa dos votantes do Prêmio FNLIJ 2013, Produção 2012 / Marisa Borba)

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O nome de Roseana Murray está incluído pela reconhecida excelência no panteão da poesia (infantojuvenil) brasileira. Suas obras mostram sempre rara sensibilidade no trato com as palavras, potencializando-as com seu estilo peculiar. Em Diário da montanha ocorre o mesmo. Os poemas falam de coisas do mundo, que Roseana percebe pela ótica da emoção inata que perpassa o seu fazer poético. Palavras simples, mas caracterizadas pela magia que os seres, as coisas e o mundo só deixam entrever àqueles verdadeiramente dotados de sensibilidade. Temas diversos são matéria de poesia nesse livro que nos remete a um lugar que o leitor desvenda e adentra, nutrindo-se da seiva da vida que a arte instaura. (Justificativa dos votantes do Prêmio FNLIJ 2013, Produção 2012 / Maria Teresa Gonçalves Pereira)

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Diario

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