O Lobo
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Dentro desta história há um outro livro de histórias. Um livro grosso onde mora um lobo cinzento que ganha vida e voz pelo afeto do pai de Lília. Todas as noites o pai embala a menina com fantasia, versos, amor, cantigas e imagens até que ela se veja envolvida em um silêncio acolhedor, que chega com o peso do mundo para fechar seus olhos sonolentos e depois vira pluma a flutuar nas histórias que continuam em sua imaginação. Mas, uma noite, o pai não vem para casa. Por quê? Para onde ele foi? Quando ele volta? O que os adultos não explicam em palavras as crianças captam no ar.
Neste livro, o leitor deve deixar sua sensibilidade falar para preencher os silêncios da autora e guardar para sempre, para si, o amor essencial que só existe entre pai e filho.
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Nesta narrativa de atmosfera noturna, a escritora mantém-se fiel à linha das histórias introspectivas que a consagraram. Hetzel demonstra grande sensibilidade para abordar os medos de uma menina que, de repente, se vê sem a presença do pai no dia a dia, sentindo sua ausência particularmente antes de dormir, momento em que ele lhe contava histórias. Sem saber o que se passa com o pai, a menina se apega ao livro que ele lia e à história interrompida de um lobo, na tentativa de superar os problemas que a afligem. A figura do lobo, recorrente na história da literatura infantil, é explorada em todo seu poder simbólico e com múltiplos sentidos, positivos ou negativos: o lobo como aquele que enxerga em meio à escuridão da noite; o lobo guerreiro, que enfrenta as adversidades e inimigos; o lobo que desperta medo; o lobo feroz, masculino, sedutor. As suaves ilustrações de Elisabeth Teixeira, em estilo clean e tons frios, harmonizam-se perfeitamente com a melancolia do texto verbal e o tom contido da narrativa. (João Ceccantini)
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Uma história terna, dolorida, numa linguagem extremamente poética. Penso que tocará os sentimentos de ansiedade, medo interior, tristeza – tão comuns no universo emocional das crianças e tão pouco explorado na literatura infantil contemporânea. Bela ilustração – Ótimo projeto gráfico. (Isabel Maria de Carvalho Vieira)
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Embalada no belíssimo projeto gráfico de Silvia Negreiros e com ilustrações de Elisabeth Teixeira, a narrativa O lobo, de Graziela Hetzel, emociona os leitores. Concebida em dois tempos psicológicos, a história, dentro da história, nos fala do carinho paterno de ler para a filha, na hora de dormir. A protagonista Lílian vive breves momentos de ternura, muito marcantes, e que antecedem o drama familiar. A repentina ausência masculina – o pai que se foi sem despedidas –, a simbologia do lobo, o mistério, a angústia da mãe, a sensação de abandono, pré-figurada na leitura do livro que é interrompida, nos fazem viver uma situação inicial de equilíbrio, seguida de um espaço tempo de perda e a recuperação. Espaços mágicos, oníricos, de suave beleza, de uma literatura escrita por quem já é mestre na arte de narrar.
Vivenciar o amadurecimento do talento literário de Graziela Hetzel é um prazer que se renova a cada livro publicado, que surpreende os leitores. (Isis Valéria Gomes)