O menino e o tempo
Uma pedra, um rio e um menino. A conjunção desses três elementos permitiu à autora construir uma metáfora sobre o tempo e sobre o processo de iniciação do ser humano às grandes questões existenciais — o que houve antes e o que haverá depois de nossa existência individual e coletiva? Como um ninho, a pedra abriga Gustavo, que vê o rio passar. Chiando, “o rio corre para sempre e nunca mais”. O tempo passa. O sol, batendo no ninho de pedra, traz a imagem de um fóssil de samambaia. Fósseis, dinossauros, gigantes. Isto já passara, como o tempo… Como Gustavo passaria. Descoberta a angústia do tempo, Gustavo aprende a brincar com ele. O tempo… dia e noite alternam-se no planeta. Calendários marcam tempos diferentes, nem sempre datando a chegada do ano 2000. Gustavo cresce e o ninho de pedra já não acomoda tão bem o seu corpo. O rio de água, o rio do tempo e o rio da vida de Gustavo correm. Para onde correm a natureza, o homem e o tempo? Em linguagem concisa, agradável, Bia Hetzel traz-nos questões sobre o tempo, mais sob a forma de reflexão do que sob a forma de uma história propriamente dita. Por isto, a leitura deste livro será enriquecida com a mediação de um adulto, a partir de sua própria iniciativa ou das indagações suscitadas pelo leitor. As ilustrações de Graça Lima em páginas inteiras, muito coloridas sobre fundo negro, realçam o livro, criando vivo contraste com as páginas em branco onde há o texto escrito e pequenos desenhos de traços simples. (S.M.F.B. / Bibliografia Brasileira de Literatura Infantil e Juvenil, v. 10, 1999)