Um Pinguim Tupiniquim
Orozimbo é uma das paixões da minha vida literária. Nosso romance dá um filme. A história do pinguim adolescente, narrada por ele mesmo, me fisgou na primeira linha. Adoro bichos marinhos, mas o que me pegou nesse cara bicolor foi seu lado inteligente, sua sinceridade brutal, suas fraquezas quase humanas, sua consciência de que a vida besta programada pela genética e pela colônia não o faria feliz. Orozimbo teve a coragem de fugir da Antártida como clandestino no barco do Amyr Klink para conhecer o lado colorido do mundo! Sozinho e desgarrado, armado só com um pedaço de esparadrapo e uma navalha, ele foi lá conferir. Foi lá para fazer o que ninguém espera de um pinguim: saiu em busca de seu verdadeiro eu. Não bastasse tudo isso, Orozimbo me faz rir como poucas pessoas. Seu humor é coisa fina. Então, no dia em que esbarrei numa Festa Literária de Paraty com a Índigo, a escritora sensitiva que tinha psicografado a narrativa de Orozimbo, fiz uma declaração pública de amor a ele. Berrei, em meio a uma plateia atônita, como uma pinguina apaixonada, dizendo que sonhava ter meu querido na Manati, uma casa literária que era tão a cara de Orozimbo que tinha até uma geladeira para ele chamar de sua. E deu certo! Meu chamado despertou Orozimbo dentro da Índigo. A partir daquele dia, por meses a fio ela perdeu o sono e gastou os dedos teclando a narrativa do pinguim toda de novo, acrescentando detalhes e personagens, oferecendo novos ângulos dessa história fenomenal. E agora o que você tem em mãos é o final feliz desse romance. Orozimbo hoje mora na nossa geladeira, mas gosta de dar suas voltas pelas mãos de leitores sortudos e descolados. Aqui está, em carne e osso, folha e tinta, a versão 2.0 turbinada do Pinguim Tupiniquim. Algo me diz que ninguém segura mais esse bicho… (Bia Hetzel)