O jogo de amarelinha
Nada aqui é velado. Nem o fel, nem o mel da construção de um relacionamento novo. A amarelinha é o jogo com que Lúcia tenta avançar na sua relação com a enteada, Letícia. É, ao mesmo tempo, o jogo no qual Letícia não quer avançar para não chegar no céu, porque no céu é onde sua mãe está. Com maestria, Graziela cria um paralelo entre o relacionamento das duas e a brincadeira. Jogar amarelinha é difícil. Acertar a pedra e pular, ora em dois, ora em um pé só, sempre dentro de um estreito limite. Requer paciência, firmeza, suavidade de movimentos e, sobretudo, equilíbrio. E, num paralelo maior, Graziela consegue, com mão certeira, ir avançando casa a casa neste seu novo texto, equilibrando, primorosamente, um tema denso e uma linguagem delicada. (Hebe Coimbra)