Editora Manati

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Uma noite de sombras, medo e aconchego
Confesso que ultimamente tenho um prazer enorme em encontrar livros legais para a faixa etária do Antônio. Coisa que não é muito fácil, apesar da enorme oferta que encontramos de títulos nas livrarias que tratam de formas, cores, comidas, comportamento e outros didatismos. O que quero são boas histórias que gente pequena, como o Antônio, possa entender e se identificar ou mesmo livros que falem das coisas do mundo – como formas, cores e comidas – com ludismo e criatividade. A tarefa é difícil, por isso o prazer que sinto ao encontrar um livro como Posso dormir com você?, da Graziela Bozano Hetzel, editado com capricho pela Manati e ilustrado com inspiração por Mateus Rios. O ilustrador vale um comentário à parte. Mateus Rios tem apenas 29 anos e uns poucos na estrada da literatura infantil. Mas suas ilustrações são muito bacanas e criam um belo diálogo com o pequeno leitor. Ele recria o mundo, criado por Graziela, com áreas de sombra para a imaginação do leitor correr solta pelo quarto do menino. A história segue a tradição dos contos de acumulação, em que as ideias vão se somando às outras e sendo repetidas até o desfecho do enredo, para falar do medo de um menino, que, no meio da noite, pede à mãe para dormir com ela. Igual ao Antônio, ao Pedro e a milhões de crianças em todos os cantos do mundo, que pedem socorro à mãe para enfrentar seus fantasmas noturnos. O merito maior de Grazilea não é, no entanto, falar de um fato comum às mães e às crianças, mas tratar dele com lirismo e doçura, que nos leva a abraçar nossos meninos no fim da história. E, mesmo sem toda esta certeza, lhes prometer que eles sempre poderão ir domir conosco na hora do aperto.

Luciana Conti
Gato de Sofá
Para quem gosta de histórias…
http://gatodesofa.blogspot.com/2010/08/uma-noite-de-sombras-medo-e-aconchego.html

Graziela Bozano Hetzel: A História Desafiando O Medo
Conheça o novo livro da autora Posso dormir com você?
por Marina Vidigal

Graziela Bozano Hetzel começou a escrever em 1990, aos 45 anos, quando os filhos já estavam crescidos e ela poderia, enfim, dedicar mais tempo para ela mesma. Em 20 anos, atingiu a marca de 22 livros publicados. A autora, que diz escrever para exorcizar seus fantasmas, resgatar recordações e falar de coisas e sentimentos que a mobilizam, conta aqui sobre o livro Posso dormir com você?, lançado pela Editora Manati. Dessa vez, o objetivo não foi exorcizar seus próprios fantasmas, mas de várias outras crianças…

CRESCER: O livro Posso dormir com você? fala do típico medo que as crianças sentem na hora de dormir. Você acredita que a literatura pode ajudá-las a compreenderem melhor e superarem seus medos?
Graziela Bozano Hetzel: Creio que, ao falarmos dos nossos medos, eles tendem a se tornar menores. O monstro que mora no armário não é mais tão assustador quando se sabe que ele morre de medo de barata (risos). Acredito, sim, que a literatura pode dar voz aos nossos sentimentos e fazendo isso nos ajuda a entendê-los, a lidar melhor com eles.

C: No livro, você mostra uma sucessão de fatos que aparecem como ação e reação. A cada página, o leitor revê ações já citadas e é apresentado a uma nova reação. Por que as crianças se encantam tanto com narrativas que acumulam acontecimentos?
GH: O conto cumulativo é na verdade um jogo da memória. Como tal, ele permite que a criança participe da história, muitas vezes corrigindo o adulto que pulou algum pedaço. E isso é muito, muito divertido, não é?

C: Como foi escrever Posso dormir com você?? Você se inspirou em alguma criança de seu relacionamento?
GH: Na ocasião que escrevi esse conto, meus dois netinhos (aos quais dediquei o livro) tinham 2 anos. Eu sentia falta de contos cumulativos que falassem do dia a dia deles e, ao mesmo tempo, engraçados. Daí resolvi escrever essa história e deu certo: eles adoraram.

C: O que você mais gosta nele?
GH: Acho que as ilustrações do Mateus Rios e o projeto gráfico da Sílvia Negreiros trouxeram uma contribuição muito importante para o sucesso do livro. A ilustração, além de descrever, acrescentou detalhes deliciosos à história. Adoro as figuras que fogem do papel de parede e o gato de pelúcia que ganha vida.

Texto original em
http://editora.globo.com/especiais/crescer_cuca_bacana/entrevista.asp?cod=60